Lição 6: Relacionamento sentimental
Data: 8 de Novembro de 2015

TEXTO DO DIA

[...] O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor(1Co 7.32b).

SÍNTESE

Relacionamentos corretos e saudáveis são bênçãos do Senhor sobre o cristão que decide agradar a Deus ainda jovem.

TEXTO BÍBLICO

1 Coríntios 13.1-7.

1 — Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 — E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 — E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 — O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece,
5 — não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 — não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 — tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, há uma profunda crise de identidade, agravada pela falta de maturidade e responsabilidade afetiva. O que muitos jovens conhecem sobre afetividade, sentimento e amor são extraídos dos péssimos e pecaminosos modelos disseminados pelas novelas, filmes e revistas sobre a vida dos famosos. Pouco se encontra na sociedade acerca de exemplos de amor e relacionamentos afetivos corretos e bíblicos. Os jovens não encontram bons e sadios exemplos de masculinidade e, as jovens, muito pouco de feminilidade. Nesta lição estudaremos a respeito dos relacionamentos afetivos corretos e bíblicos.

I. “O AMOR É LINDO!” (1Co 13)

1. Os sentimentos constituem o ser (Fp 2.2,5; 3.15,16). O ser humano foi criado por Deus constituído de um conjunto de sentimentos saudáveis e corretos que espelhavam a natureza santa do próprio Senhor (Gn 1.26-28; 2.18-25). Foi no relacionamento amoroso, gracioso e acolhedor de Deus com o homem no Éden, que a criatura humana dimensionou o reflexo da imagem do Senhor em si mesma. Ele era um ser integral e perfeito porque o seu Criador assim o era (Gn 17.1; Dt 18.13). Deste modo, o homem estava perfeitamente integrado ao Criador, consigo mesmo, o outro e com a criação. Seus sentimentos expressavam essa harmoniosa relação.

2. A corrupção dos sentimentos (Rm 1.18-32). Todavia, com a entrada do pecado no mundo (Rm 5.12), o homem e a mulher passaram a experimentar sentimentos conflitantes: cobiça e medo (Gn 3.6,10), culpa e vergonha (Gn 3.11), egoísmo e desconfiança (Gn 3.12,13). Afastados voluntariamente do Altíssimo, ambos tornaram-se espiritualmente alienados (Rm 3.23) e mutilados em seu caráter, personalidade e sentimentos (Rm 1.18-32). Somente retornando a Deus por meio de Cristo (Cl 1.15; Rm 8.29; Hb 1.3), o homem pode refletir o caráter e sentimentos originários em Deus, ou seja, a mesmíssima imagem refletida no Filho (Ef 4.24; 2Co 3.18; 2.14-16; Rm 5.12-21; 1Co 1.30-31).

3. Maturidade afetiva (1Co 13; Ef 5.1-6.9). A dimensão afetiva no ser humano perpassa toda sua existência, seja biológica, seja psíquica ou espiritual (1Ts 5.23). Certos especialistas atribuem à alma, ou ao nível psíquico, as experiências afetivas — emoções e sentimentos —, contudo é o sujeito inteiro que as experimentam. Todo o ser é afetado e não apenas uma de suas constituições. Deste modo, o amor deve animar e guiar todos os relacionamentos, principalmente os sentimentais (1Co 13.7). É o amor que nos conduz à maturidade de nossas emoções, sentimentos e relacionamentos corretos (1Co 13.4-5). Ele nunca falha (v.8).

II. APAIXONADO, NÃO ILUDIDO (Rm 14.13; 2Tm 2.22)

1. Paixão e razão (2Sm 13). A paixão se caracteriza por um forte sentimento que se manifesta na pessoa pelo desejo irrefreável de algo. Em si mesma e em boa medida ela não é prejudicial, uma vez que está presente nos relacionamentos sentimentais. Todavia, a paixão tem como objetivo a satisfação que procede da necessidade do próprio indivíduo e, por isso, tende a ser egoísta, coisificar e instrumentalizar o outro, como no caso de Amnom (2Sm 13). Fatores bioquímicos explicam a euforia, o humor, ansiedade e obsessão pela pessoa a qual se está apaixonado e a tendência de se perder a razão por causa da atração (Gn 38.14-19; Jz 14.1-3). Por isso, atender as orientações paternas ajuda a equilibrar as emoções (Pv 4.1-10).

2. Os desatinos da paixão pecaminosa (2Sm 13; 1Ts 4.5). Amnom estava obcecado por Tamar, sua meia-irmã (vv.1,4). Embora o termo original “amou-a” ('āhab) tenha vários sentidos (Gn 22.2; 24.26; 34.3), aqui se refere ao forte afeto emocional e ao desejo sexual desenfreado (vv.11-14). Nesse sentido, a paixão é considerada pecado (1Ts 4.5). A angústia de Amnon (v.2) traduz o “aperto” e “aflição” psicológicos que ele sofria pela impossibilidade de obter Tamar (v.2). A trama hedionda incluía dissimulação, fingimento, mentira (v.5) e, ironicamente, conforme o termo hebraico (lebhibhoth), a preparação de bolos em formato de coração (v.6). Depois de cumprir seu intento contra a vontade da jovem, ele a desprezou (vv.15-16,22).

3. Discernindo o amor e suas formas (1Co 13). Nem sempre é fácil discernir o amor verdadeiro de uma mera atração, da paixão, da amizade ou do desejo. Isto, porque em um relacionamento sentimental existe a presença de cada um deles. Vejamos:

a) Philia. Designa a amizade sincera, na qual age o amor interpessoal e o respeito de uma pessoa para com a outra (Hb 13.1). É um amor que exige reciprocidade, mas na qual também atua o interesse pelas qualidades da outra. Tem estreita relação, embora distinto, com storge — a afeição natural entre membros de um núcleo familiar.

b) Eros. Refere-se ao amor como desejo, na qual pode estar presente ou não o “desejo sexual”. Entendido corretamente, eros não é por si mesmo pecaminoso (Gn 26.8). Ele está presente em várias situações da vida amorosa de um casal (Ct 4). Contudo tende a ser egoísta e desregrado, principalmente quando coisifica e instrumentaliza a outra pessoa (2Sm 13; Gl 5.19; Pv 7.6-27).

c) Ágape. Trata-se do amor com que Deus ama, sendo Ele próprio Amor (1Jo 4.16-21). É o amor sacrifical de Cristo (Jo 15.13; 2Co 5.14) e o novo mandamento (Jo 15.12). O cristão vive esse amor de modo imperfeito, pois somente o amor de Cristo é completamente gratuito e perfeito (Ef 3.19).
Deste modo, essas dimensões do amor são necessárias ao amadurecimento do sujeito, mas devem coexistir em equilíbrio para o fortalecimento das relações sentimentais verdadeiras e sinceras.

III. CORAÇÃO PARTIDO, ESPERANÇAS DESPEDAÇADAS (Mt 7.9-11)

1. Atração fatal (Pv 7.6-27; 2Sm 13; Jz 16). Sentir-se atraído pelo sexo oposto faz parte da constituição humana e, corretamente entendido, é saudável e necessário (Gn 2.24; Pv 30.18,19). Porém o erotismo pecaminoso e as modernas formas de encontros sexuais e sentimentais mediados pela internet têm sido “rede de pecado”, e “laço de morte” para os jovens (Pv 13.14). Não são poucos aqueles que tiveram seus corações partidos e as esperanças despedaçadas, e até mesmo alguns que perderam suas vidas devido os encontros marcados às escondidas dos pais. Fuja de toda forma de impureza sexual! Seu corpo é templo do Espírito Santo (1Co 6.18-20). Não caia no laço do Diabo (1Tm 3.7; Sl 116.3; 141.9). “Amor” virtual é uma fantasia perigosa.

2. Reconstruindo o coração partido (2Sm 13.19-22; Pv 18.19). Reconstruir um coração partido não é imediato. Leva-se tempo, paciência e resignação. E dependendo do caso, haveria necessidade de ajuda especializada. Portanto, é melhor prevenir-se contra relacionamentos ruins e esperar no Senhor (Sl 42.5; 43.5). Veja o caso de Tamar, após o terrível “encontro”, sentiu-se humilhada, rejeitada e ferida (v.19 ver 2Sm 14.27). A cura das feridas emocionais leva tempo e as cicatrizes permanecem por toda vida. Ninguém deseja um relacionamento afetivo que traga dores sentimentais, rusgas familiares e às vezes até o afastamento da pessoa dos amigos e da comunidade da fé. Esses elementos são excelentes ingredientes para avolumar os romances, instigar a leitura, favorecer a trama e criar um best-seller, mas na vida que é real causam decepções, tristezas e infindáveis desgostos. Deixemos essas aventuras somente para a arte, a literatura e para a ficção.

3. Propósitos para além de um relacionamento. Muitos jovens cristãos estão decididos a se casarem, ao preço de suas vidas e virtudes. Andam atrás de sua cara-metade nas redes sociais, e para isso criam nicknames (apelidos), perfis falsos, perdem tempo com chat de relacionamentos, entre outros recursos mentirosos e fantasiosos (Pv 27.20). A possibilidade de magoarem-se e se ferirem é muito maior do que a de conquistarem um amor duradouro e verdadeiro. Isto não quer dizer que não seja possível encontrar amigos e relacionamentos afetivos sérios nas redes sociais. Sabe-se que a rede social tem sido um canal útil para algumas pessoas encontrarem parceiros e amigos com os mesmos gostos e afinidades e, a partir desse conhecimento preliminar, desenvolverem um relacionamento afetivo maduro e responsável.

Todavia, é preciso tomar muito cuidado ao procurar nos sites de relacionamentos alguém para compartilhar seus segredos e sua vida. O perigo está sempre à espreita, uma vez que do teclado à vida real existe muita diferença, e se a pessoa não perceber rapidamente esses perigos pode amargar por muito tempo. Assim, não considere que os relatos positivos sejam em si mesmo um motivo a mais para “cair de cabeça” nesses sites em busca de relacionamentos afetivos. Na maioria das vezes, as fotos dos perfis são melhores do que o “original”, e as palavras virtuais doces e românticas são laços e redes que escondem uma má intenção. É preciso cuidado e discernimento! Espere no Senhor, porque Ele deseja a tua felicidade! (Sl 128.1; 20.5).

CONCLUSÃO

Os relacionamentos sentimentais que proveem da bênção do Senhor sobre a vida do jovem cristão são construtivos e levam à maturidade afetiva, ao crescimento pessoal, e a comunhão com Cristo. Eles são presentes divinos aos jovens que permanecem fiéis ao Senhor (Sl 119.9).

ESTANTE DO PROFESSOR

GEORGE, Jim. Um Jovem Segundo o Coração de Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
ROSS, Michael. Cresci e Agora? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013.